Há dez dias, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastou o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), por desvio de R$ 54 milhões por meio de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa do Estado. A PF cumpriu 31 mandados de busca e apreensão. Entre os endereços estavam a Assembleia Legislativa, a sede do governo, os imóveis de Dantas e de seus parentes. Na casa do governador foram apreendidos 100 mil reais em espécie, 14 mil com ele em São Paulo e mais 150 mil na casa de um cunhado.
Seguranças de Dantas foram utilizados para fazer saques e depósitos nos caixas eletrônicos, com cartões em nome de funcionários laranjas da Assembleia, e grande parte desse dinheiro era entregue a uma construtora, a mesma que lavava o dinheiro de vários imóveis do candidato alagoano. Dantas disputa o segundo segundo turno com Rodrigo Cunha (União Brasil) e é apoiado pelo clã Renan Calheiros (MDB) e pelo ex-presidente Lula, que esteve nesta semana ao lado do governador afastado.
VEJA teve acesso ao inquérito sigiloso que tramita no STJ. Ele mostra que a Polícia Federal fez um extenso monitoramento junto aos operadores de Paulo Dantas, acompanhando diuturnamente os saques com cartões em caixas eletrônicos em Maceió que teriam abastecido o esquema. Para realizar os saques, eram usados seguranças,as esposas dele e parentes.
O inquérito da PF inclui várias fotografias do casal José Carlos Leite de Araújo, segurança de Paulo Dantas, e a esposa dele, Alda Alves dos Santos, realizando saques nos caixas eletrônicos. Leite é um policial militar aposentado que ganha apenas 5,3 mil mensais. Ele e a esposa chegava a ficar até 3 horas por dia dentro das agências bancárias retirando dinheiro.
A PF também identificou outro operador de saques, Maxwell Ronildo da Silva, também segurança pessoal de Paulo Dantas. Em seu depoimento, o policial evelou que sacava aproximadamente 36 mil reais por dia, utilizando 18 cartões. Após fazer os saques, levava o dinheiro ao apartamento de José Carlos, no bairro Ponta Verde, em Maceió. A polícia também registrou em imagens os operadores do esquema entrando e saindo com mochilas da sede de uma construtora.
“A empresa Reycon Empreendimentos, por intermédio do empresário Reynaldo Amorim Malta, participa desse processo de lavagem ao receber valores dos investigados em circunstâncias não usuais”, diz trecho do voto da ministra, reproduzindo o relatório do Ministério Público.
Créditos: VEJA.