Uma das mais aguardadas chuvas de meteoros do ano, a Orionídeas, atingiu seu pico na madrugada de sexta para sábado (22). O que faz dela mais especial é a sua composição: as “estrelas cadentes” são geradas por pedacinhos da cauda do famoso cometa Halley — que nos visitou pela última vez há 35 anos, em 1986, e só voltará em 2061 —, que entram em nossa atmosfera em alta velocidade.
Uma estação de monitoramento na cidade de Monte Castelo, em Santa Catarina, registrou cerca de 200 meteoros durante a última noite. “Boa parte deles, pelo menos 50, foram causados por fragmentos do cometa Halley. Esses resquícios fazem parte das trilhas formadas pelo cometa em suas passagens próximas ao Sol.”, afirma o proprietário Jocimar Justino, astrônomo amador e membro Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon).
Ela pode ser vista a olho nu, de toda parte do Brasil — basta um céu limpo. E ainda dá tempo de ver: as madrugadas de hoje e de amanhã são boas oportunidades de observá-la com intensidade. A Orionídeas continua ativa até o dia 7 de novembro, com cada vez menos meteoros.
A passagem dos meteoros costuma ser rápida, deixando rastros muito brilhantes no céu noturno. Alguns deles podem até parecer explodir. O ponto onde eles convergem é a constelação de Órion (por isso o nome), que está mais visível no Hemisfério Sul — então nosso país é privilegiado na observação.
Veja um vídeo timelapse com os registros desta madrugada em SC:
Como ver?
Não é preciso nenhum equipamento especial, como binóculos ou telescópios, para ver qualquer chuva de meteoros. O principal é ter paciência e estar bem posicionado.
Desta vez, também será preciso ficar acordado até tarde: o melhor horário para ver a Orionídeas esta semana é de madrugada.
Tilt separou algumas dicas para aumentar suas chances de ver uma “estrela cadente”:
- Torça por um céu sem nuvens. Procure um lugar com pouca luz, como uma varanda ou quintal. Quanto menos poluição luminosa, mais chances de observar mais meteoros.
- Fique confortável. Sente em uma cadeira (de preferência uma reclinável ou de praia), proteja-se do frio e evite usar o celular (para não se distrair ou ter a visão ofuscada pela claridade da tela).
- Tenha paciência. Nossos olhos demoram cerca de 20 minutos para se acostumar com a baixa luminosidade e a diferenciar o brilho dos diferentes corpos celestes (estrelas, planetas, meteoros).
- Olhe para o leste (onde o Sol nasce) a partir da meia-noite, quando estará nascendo a constelação de Órion (onde ficam as conhecidas “Três Marias”).
- Este é o radiante da Orionídeas (por isso o nome); ou seja, os meteoros vão aparentar convergir nela. Mas não fixe a visão ali, eles podem surgir de qualquer ponto ao redor.
- Um software de observação dos céus (como Stellarium, Star Walk, Star Chart, Sky Safari ou SkyView) podem te ajudar a encontrar a constelação.
- Observe atentamente e espere pelos meteoros. O melhor momento de observação é partir das 2h, quando o radiante estiver mais alta no céu. Os meteoros poderão ser vistos até o amanhecer.
- Faça um pedido a cada “estrela cadente” vista, como manda a tradição.
- Com uma câmera em modo de longa exposição, é possível fazer belas imagens dos rastros dos meteoros.
O cometa Halley
A Orionídeas acontece todos os anos no final de outubro, quando a Terra, em seu movimento de translação em torno do Sol, cruza a órbita do cometa, onde flutua uma trilha de destroços e poeira — derrubados nas passagens anteriores do Halley ao longo de milhares, talvez milhões, de anos.
Ao entrar em nossa atmosfera em altíssima velocidade (cerca de 70km/s), eles queimam e são vaporizados pelo atrito, deixando o belo — e inofensivo — rastro luminoso.
Nosso planeta atravessa a “estrada” do cometa duas vezes por ano, em dois pontos diferentes. Ele também é responsável pela chuva de meteoros Eta Aquáridas (radiante na constelação de Aquário), que vemos todo mês de maio, quando a Terra passa por outra “perna” de sua órbita.
O Halley visita nossa região do Sistema Solar a cada 74-79 anos. É o único cometa regularmente visível a olho nu. E nos deixa bons — e brilhantes — motivos para nos lembrarmos dele todos os anos, mesmo quando está longe.
Créditos: Portal UOL.
Imagem: Jocimar Justino/Bramon