Em vídeo que volta a circular nas redes sociais, Lula apoia Maduro para presidente e afirma que ele fará do país o que “Hugo Chaves sonhou”
Segue abaixo o teor da mensagem televisionada que Lula enviou aos venezuelanos em apoio à candidatura de Nicolás Maduro à presidência daquele país, após a morte de seu aliado político, Hugo Chávez, em 2013:
“Nos oito anos em que fui presidente do Brasil, tive a oportunidade de conviver com Nicolás Maduro, que era ministro das Relações Exteriores da Venezuela. Maduro se destacou brilhantemente na luta para projetar a Venezuela no mundo e na construção de uma América Latina mais democrática e solidária.
Teve um papel decisivo na formação da Unasule da Celac, e sempre foi visível sua profunda afinidade com nosso querido e saudoso amigo Hugo Chávez. Os dois compartilhavam das mesmas ideias sobre o destino de nosso continente e os grandes problemas mundiais. Mais do que isso, Chávez e Maduro tinham as mesmas concepções em relação aos desafios que a Venezuela tinha pela frente, em defesa dos mais pobres.
A grande obra de Chávez foi a de transformar a Venezuela em um país mais justo, realizando um massivo processo de transferência da renda petroleira em proveito das camadas mais sofridas da sociedade. Mas Chávez, assim como Maduro, sempre tiveram claro que a Venezuela necessitava escapar do que muitos chamam de maldição do petróleo. Daí a importância que deram, e que Maduro dá, à necessidade de industrializar o país e desenvolver sua agricultura.
Demos passos conjuntos nessa direção e estou seguro de que Maduro como presidente será capaz de realizar essa meta de Chávez. A decisão de escolher um novo presidente caberá exclusivamente ao povo venezuelano. Não quero interferir em um assunto interno da Venezuela, mas não posso deixar de dar meu testemunho em nome do futuro desse país tão querido do povo brasileiro. Mas também em nome do Mercosul, no qual a Venezuela acaba de ser recebida. Uma frase resume tudo o que sinto: Maduro presidente é a Venezuela que Chaves sonhou.”
Nicolás Maduro se elegeu e reelegeu – em pleitos questionados por diversos países – e eis abaixo os resultados de seu governo que, segundo Lula, seria voltado à luta pela “construção de uma América Latina mais democrática e solidária”, pela “defesa dos mais pobres” e pela realização de um “massivo processo de transferência da renda petroleira em proveito das camadas mais sofridas da sociedade”:
Segundo a mais recente Pesquisa Nacional de Condições de Vida (Encovi), realizada pela Universidade Católica Andrés Bello (UCAB) e pela Universidade Central da Venezuela (UCV), 94,5% da população do país vive na pobreza.
O estudo revela que “se distribuíssemos toda a renda das famílias de forma equitativa entre elas, a média per capita seria de US$ 30 por venezuelano por mês, ou seja, US$ 1 por pessoa por dia”. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), pessoas com renda de até US$ 1,90 por dia estão vivendo na linha de pobreza, o que é praticamente o dobro do que os venezuelanos têm. Ou seja, diferentemente das palavras ditas por Lula em tom calmo, tranquilo e otimista, Maduro devastou a Venezuela, colocando quase 95% da população de seu país bem abaixo da linha da pobreza.
A revolução bolivariana implantou o socialismo, destruindo a moeda, que perdeu 14 zeros desde 2008; instituindo controle total de preços, o que levou o país à escassez e ao racionamento, desde papel higiênico até eletricidade e água; e trazendo a hiperinflação, mesmo tendo a maior reserva de petróleo já descoberta em todo o mundo. Ou seja, de quarto país mais rico do mundo, a Venezuela conseguiu se tornar o mais pobre da América Latina.
O que Lula chama de “democracia” venezuelana é, nada mais, nada menos do que uma cortina de fumaça para encobrir as medidas autoritárias impostas por Chávez e Maduro, como a ameaça de dissolução da Assembleia Nacional e a perseguição a empresas privadas, obrigando-as a entregar parte do controle ao Estado.
Quanto à imprensa, Chávez cerceou a liberdade de expressão enchendo seus opositores de processos judiciais e não renovou a concessão do maior canal de televisão do país. Maduro, seu sucessor, reeleito em 2020, endureceu ainda mais a censura e, apenas neste ano, pressionou o fechamento de sete veículos de comunicação contrários ao seu governo.
Em seu “testemunho” a favor de seu aliado político, Lula teve razão em apenas uma coisa: Maduro presidente significa, de fato, a Venezuela que Chávez sonhou. Resta saber se os brasileiros estão dispostos a entregar o nosso país a quem afirmou, com todas as letras, ter dado “passos conjuntos” com o desgoverno venezuelano.