Ministro estava se referindo a assessor, segundo apuração do GLOBO; presidente pede que ele seja considerado suspeito para julgar ação
O presidente Jair Bolsonaro pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o ministro Alexandre de Morares seja considerado suspeito para julgar a ação que o impediu de fazer “lives” no Palácio da Alvorada. O argumento é o fato de o magistrado ter feito um “gesto de degola”, que bolsonaristas interpretaram como uma suposta ameaça.
No momento em que o tribunal julgava a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, fazer “lives” com cunho eleitoral nas dependências do Palácio da Alvorada, Moraes passou o dedo indicador pelo pescoço, em um movimento comumente usado para se referir a algo que chegou ao fim — ou uma degola.
O GLOBO apurou, porém, que Moraes, após dar a palavra à ministra Maria Claudia Bucchianeri, se dirigiu em tom de brincadeira a um assessor que estava no plenário do TSE. O motivo, segundo relatos feitos à reportagem, teria sido a demora para passar uma informação.
No pedido ao TSE, feito na tarde desta quinta-feira, Bolsonaro argumenta que o gesto demonstra “animosidade e interesse pessoal em desfavor do então Representado, Presidente Jair Bolsonaro” e que, com isso, Moraes “afastou-se da impositiva imparcialidade judicial, consagrada como uma das bases da garantia do devido processo legal, sujeitando-se à presente arguição”.
A defesa do presidente argumenta que não houve um pronunciamento oficial de Moraes para esclarecer o gesto, embora cite que “veículos de comunicação” noticiaram que o ministro se referia a um assessor e não teria relação com o presidente da República.
“Tal justificativa não se mostra crível pela ausência de demonstração de elementos objetivos de que o gesto não se relacionava com o julgamento, além de não configurar o posicionamento pessoal e oficial do excepto (Moraes)”, alega a defesa do presidente.
O presidente pede que seja aberta uma ação para julgar a suspeição de Alexandre de Moraes e também que seja suspensa a decisão que o impediu de fazer lives no Palácio da Alvorada.
Em sessão do TSE nesta terça-feira, os ministros mantiveram, por quatro votos a três, o veto a Bolsonaro para a realização de lives eleitorais nas dependências oficiais. Os ministros entenderam que há desequilíbrio de poder com relação aos demais candidatos.
O “gesto de degola” repercutiu nas redes sociais, interpretado por bolsonaristas como uma ameaça ao presidente. O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), postou a imagem e questionou: “O que será que o Ministro Alexandre de Moraes quis dizer com esse gesto?”.