A estimativa da equipe econômica para inflação passou de 7,2% para 6,3%, influenciada principalmente pela redução no preço dos combustíveis
O Ministério da Economia revisou para cima a projeção para resultado do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 2% para 2,7%, pela segunda vez consecutiva. A estimativa supera o crescimento projetado pelo mercado, que está em 2,39% e tem como justificativa o desempenho do mercado de trabalho e do setor de serviços com o arrefecimento da pandemia.
O assessor especial do Ministério da Economia, Rogério Boueri, rebateu as críticas ao otimismo da pasta em relação ao crescimento da economia. Segundo ele, as projeções foram subestimadas pela equipe econômica, “embora menos do que o mercado”.
– O ritmo de crescimento do PIB tem surpreendido a todos. Não é correto afirmar que o Ministério da Economia tem sido otimista, nós também temos subestimado o crescimento da atividade econômica, embora menos do que o mercado – disse Boueri.
Já a estimativa da equipe econômica para inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2022 passou de 7,2% para 6,3%, influenciada principalmente pela redução no preço dos combustíveis, uma determinação do presidente Jair Bolsonaro na disputa pela reeleição.
– Essa redução se deve à inflação abaixo do esperado nos últimos meses e reflete principalmente a redução dos preços monitorados como combustíveis – disse Boueri, acrescentando:
– Observamos também uma certa estabilização da inflação de serviços e de alimentação no domicílio. Deve se ressaltar que a nossa projeção estava abaixo das projeções de mercado.
Segundo a SPE, a redução na estimativa da inflação de quase 1 ponto percentual poderá impactar o teto que limita o gasto público para o próximo ano, projetado em R$ 1,8 trilhão na proposta de lei orçamentária enviada ao Congresso Nacional. O teto depende da variação da inflação. A estimativa de redução, contudo, não foi divulgada.
– Ela (redução da expetativa de inflação) pode implicar ou não porque depende agora do relator. Nós não fizemos o cálculo de quanto isso implicaria de redução no teto, mas a gente fazendo uma conta de padeiro, o teto de R$ 1,8 trilhão. Nós diminuímos a inflação em menos de 1%, então você faz a matemática aí – afirmou Boueri.
A equipe econômica também revisou para baixo a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 7,41% para 6,54%. E como este índice é utilizado para projetar o reajuste do salário mínimo, o piso nacional poderá ficar inferior ao projetado no Orçamento de R$ 1.302. O valor final, contudo, depende de decisão do governo.
Apesar da promessa do governo de manter as desonerações para os combustíveis em 2023, para o Ministério da Economia, os preços não deverão cair de forma significativa.
– A gente vai manter as desonerações. Para que isso ocorra, não existe um motivo para você ter novas quedas no preço desses produtos. O que vai acontecer é que você vai ter uma estabilização no preço desses produtos – destacou o secretário de Política Econômica, Pedro Calhmann.
Para o Ministério da Economia, a alta nos juros terá maior impacto neste segundo semestre e ao longo de 2023. O aperto da política monetária do Banco Central já foi incorporado nas projeções divulgadas nesta quinta-feira. A expectativa de alta do PIB para 2023 foi mantida em 2,50%.