Os golpes digitais lesam milhares de pessoas por dia no Brasil. De tempos em tempos, novas fraudes surgem e exploram novas vulnerabilidades, momentos ou tecnologias. Como poderemos ver, grande parte dos golpes também se valem de dados pessoais vazados, o que reduz as chances das vítimas identificarem a fraude. Segundo o especialista em segurança digital Dr. José Antonio Milagre, é importante que todos se atentem para os 10 golpes que estão em alta, detalhando como os criminosos digitais agem, permitindo que pessoas identifiquem esses crimes e se protejam.
1 – Mão fantasma
Este é um dos golpes mais praticados a partir do segundo semestre de 2022. Criminosos, a partir de dados pessoais vazados ou informantes que atuam em instituições financeiras, ligam para a vítima como se fossem gerentes de conta e, com as informações, fazem com que a vítima acredite que está de fato falando com o banco. O então “gerente” informa que transações suspeitas foram realizadas e questiona se a vítima as reconhece. Logicamente não reconhecendo, o criminoso passa “instruções” para o bloqueio, que, na verdade, envolve pedido de senhas e até códigos de confirmação que serão usados para acessar as referidas contas e limpar o dinheiro da vítima. Com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), pode-se questionar essa abordagem: “De onde você conseguiu meu número?”, por exemplo.
2 – Pool de mineração em criptomoedas ou investimentos
Um dos golpes mais comuns ligados a criptomoedas que recebemos no laboratório. A partir de dados pessoais vazados, criminosos adicionam pessoas que possuem carteiras em Exchanges se passando por grupo oficial da corretora. Lá, diversos atores postam seus lucros, o que desarma a vítima, que cria um wallet a pedido dos “gestores” e começa a investir. Em algum momento, um link é enviado e a vítima acaba conectando a wallet à aplicação dos marginais, e todo o dinheiro (criptomoedas) é tirado pelos criminosos.
3 – Golpe dos sellers
Este é um golpe aplicado especificamente a vendedores de marketplaces. Criminosos, do mesmo modo, a partir de dados vazados, ligam para vendedores e informam que eles estão com compras contestadas, o que “coincidentemente” é real (os próprios criminosos fazem as compras e contestam). A partir disso, informam que eles precisam “atualizar o sistema” ou as vendas serão congeladas. Quando o software é baixado, na verdade se trata de um acesso remoto, que dará permissão aos criminosos para acessarem o painel e sacarem todo o dinheiro. Os criminosos ainda pedem e aprovam empréstimos em nome das vítimas em questão de minutos.
4 – Golpe do processo judicial
Este é um golpe que lesa advogados e pessoas que têm processos judiciais. Quadrilhas especializadas em processos judiciais consultam execuções e demais processos em que existem alvarás ou dinheiro, descobrem o telefone e ligam para a vítima, se passando por profissional do Tribunal de Justiça. Informam que saiu o valor do processo e que a vítima deve falar com os advogados, inclusive informando o nome desses advogados que ela deve entrar em contato. Quando as pessoas fazem contato, o falso advogado pede um “depósito” antecipado para liberação do dinheiro, o que é feito pelas vítimas, que perdem o dinheiro.
5 – Golpe do falso acordo
Este golpe vem lesando consumidores que têm problemas com produtos e serviços e fazem reclamações em sites e serviços destinados a isso. Muitos acabam revelando dados pessoais como telefone, nome, e até valores em discussão no corpo das reclamações. Um prato feito para os marginais, que capturam os dados e ligam para as vítimas, se passando pela empresa e oferecem um acordo. Logicamente, em dado momento da conversa, pedem um depósito ou pix para fechamento do acordo, com condições muito favoráveis à vítima, que acaba pagando para bandidos, acreditando que estava resolvendo seu problema e fazendo um acordo com a empresa.
6 – Golpe do emprego
O golpe do emprego cresceu na pandemia e continua fazendo vítimas. Criminosos enviam mensagens a números telefônicos oriundos de vazamentos de dados e oferecem uma vaga de emprego com salários de R$ 5.000 a R$ 15.000. A vítima, então, buscando uma recolocação profissional, acessa o link e neste momento pode ser infectada por um malware ou até mesmo ser convidada a pagar para participar do processo seletivo, que, na verdade, não existe.
7 – Golpe do presente
No golpe do presente, a vítima recebe uma ligação de uma suposta empresa, que informa que ela ganhou um prêmio. Neste momento, a empresa coleta alguns dados e informa que um motoboy irá entregar o presente. O motoboy chega e pede uma “selfie” da “ganhadora”, informando que precisa da foto para confirmar que a pessoa recebeu o prêmio. Na verdade, o marginal já tinha dados da vítima e precisava apenas da selfie para acesso à conta bancária ou mesmo abertura de contas e contratação de empréstimos
8 – Golpe man in the middle
Este golpe ousado acontece em sites de compra e venda de produtos entre pessoas e marketplaces. Um vendedor anuncia um carro, por exemplo, e alguém faz contato usando seus dados pessoais demonstrando interesse. Os criminosos conseguem os dados e ligam para vendedor e comprador. Para o vendedor, se anunciam como compradores. Para o comprador, como vendedor. O criminoso agenda até uma visita entre as partes envolvidas, para ver o carro ou o bem anunciado, informando ao vendedor que seu “primo” irá ver o veículo antes de decidir (O primo na verdade é o comprador). Vendedor e comprador se encontram sem saber que estão sendo vítimas de um golpe. Após a vistoria, o bandido, se passando por vendedor, passa sua conta e o comprador deposita o dinheiro. Ao ir buscar o carro, o comprador descobre que o real vendedor não recebeu nada e que foi vítima de fraude.
9 – Golpe do Whatsapp
Golpe que continua em alta. Os marginais criam contas de WhatsApp com fotos e dados de pessoas, adicionam amigos e familiares, informam que estão precisando com urgência de um depósito e que logo devolvem. Os amigos e familiares acabam pagando, acreditando estarem falando com determinada pessoa e mais tarde descobrem que estavam enviando dinheiro para marginais. Esse golpe também pode se dar na modalidade “chip swap”, que é quando o criminoso consegue ativar o número da vítima em outro chip, enganando a operadora de telefonia.
10 – Golpe da página ou perfil falso
Criminosos estão se tornando especialistas em clonar páginas e perfis em redes sociais, além disso, alguns ainda anunciam as páginas para serem bem ranqueadas nos buscadores. Este golpe também se refere a páginas falsas de sites de leilão em que vitimas acreditam que estão arrematando bons carros. Quando vão buscar o veículo, descobrem que o site era falso. Além disso, no que diz respeito a redes sociais, criminosos clonam perfis de lojas, adicionam os seguidores e então oferecem produtos com preços atrativos, fazendo com que vítimas mandem dinheiro aos marginais, acreditando estarem comprando algo na loja. Entre essas fraudes citadas pelo Dr. José Milagre, vale destacar que 90% dos golpes citados acima acontecem porque os criminosos tem acesso a dados pessoais das vítimas para fazer o primeiro contato sabendo sobre seu padrão comportamental. Sendo assim, veja como se proteger desses crimes:
- Não compartilhe seus dados pessoais, nem por telefone
- Peça para a empresa provar que você autorizou a ligação ou forneceu os seus dados pessoais
- Exija que a empresa que você está comprando proteja seus dados pessoais
- Questione a empresa se ela já iniciou a adequação com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)
- Veja se a empresa já tem o seu DPO – Data Protection Officer publicado no site conforme exige a LGPD
- Não autorize a empresa a compartilhar seus dados com outras instituições, a menos que seja estritamente necessário
Se todos os brasileiros começarem a praticar essas simples ações, muitas empresas investirão mais em proteção de dados, e até evitarão as multas na LGPD (que se iniciarão a partir de outubro de 2022 pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados), além de também de diminuir os golpes praticados na internet. Ou seja, solução para evitar cair em golpes? LGPD.
Créditos: Jovem Pan.