Presidente da Câmara acusa Paulo Dantas de abuso de poder por alterar esquema de segurança para eleições
Candidato à reeleição e opositor do projeto de poder da família Calheiros em Alagoas, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), ingressou ontem (29) com ação de investigação judicial eleitoral, denunciando à Justiça Eleitoral o suposto abuso de poder na mudanças do policiamento em 33 cidades do interior, 32 delas comandadas por prefeitos que fazem oposição à reeleição do governador-tampão Paulo Dantas (MDB), candidato à reeleição apoiado pelo senador Renan Calheiros e pelo ex-governador Renan Filho, este que tenta se juntar ao pai com novo mandato no Senado.
Lira já cobra responsabilidades da Justiça Eleitoral pelos riscos à democracia, por ainda não ter havido julgamento de sua denuncia de que a mudança do esquema de segurança determinada ontem (29) pelo Comando da Polícia Militar de Alagoas (PM-AL) seria abusiva e ilegal, por ser específica para as vésperas das eleições gerais.
A mudança do policiamento que será desfeita somente após o 2º turno e atinge os municípios com predominância de prefeitos apoiadores do deputado federal Arthur Lira, e dos senadores e candidatos a governador Rodrigo Cunha (União Brasil) e Fernando Collor (PTB), do ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira, que também disputa o governo pelo PSD, e do deputado estadual, candidato à reeleição pelo Antônio Albuquerque (Republicanos).
A ação apresentada na noite de ontem por Arthur Lira ao Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL) pede a revogação e suspensão das mudanças no esquema de segurança dos municípios dos rivais da chapa apoiada pelos Calheiros. E ainda solicita a condenação, com base na Legislação Eleitoral, do governador Paulo Dantas, de seu vice na chapa, o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), do comandante da PM-AL, coronel Paulo Amorim, e do comandante do policiamento do interior, Wilson Silva.
“É evidente o abuso de autoridade, de poder político dos Réus, sobretudo do Senhor Paulo Dantas, do contrário, por que apenas os municípios cujos gestores apoiam sua oposição têm seu efetivo policial alterado? E mais, qual a razão da referida ‘troca’ apenas poder ser desfeita após as eleições? Evidente que a finalidade do ato é promover alteração do prélio em favor de sua reeleição”, diz um trecho da ação de Arthur Lira.
O presidente da Câmara dos Deputados também pede que a Justiça Eleitoral investigue toda a comunicação oficial, telefones funcionais e histórico de conversas do grupo de aplicativo de mensagem do Comando do Policiamento do Interior (CPI) da PM de Alagoas. Para isso, pede que o comandante-geral da PM e o comandante do Policiamento do Interior também entreguem celulares funcionais para serem periciadas as mensagens no grupo de WhatsApp em que foi dada a ordem de troca do esquema de segurança.
Redutos da oposição
As cidades alagoanas que terão policiamento alterado são estratégicas para Lira e seus aliados. Inclusive, entre elas está Barra de São Miguel, cujo prefeito é o ex-senador e pai do presidente da Câmara dos Deputados, Benedito de Lira (PP).
Eis a lista de cidades alagoanas que tiveram alterado o policiamento para as eleições: Mata Grande, Canapi, Ouro Branco, Maravilha, Minador do Negrão, Estrela de Alagoas, Belo Monte, São Brás, Craíbas, Girau do Ponciano, Lagoa da Canoa, São Sebastião, Junqueiro, Limoeiro de Anadia, Teotônio Vilela, Campo Alegre, Barra de São Miguel, Penedo, Santa Luzia do Norte, Satuba, Rio Largo, Messias, Barra de Santo Antônio, Passo de Camaragibe, Joaquim Gomes, Maragogi, São José da Laje, Santana do Mundaú, Paulo Jacinto, Quebrangulo, Pindoba, Boca da Mata, Flexeiras.
Segundo a denúncia de Arthur Lira, dos prefeitos destas cidades, somente o prefeito de Penedo, Ronaldo Lopes, não faz oposição à reeleição de Paulo Dantas.
Governo nega abuso
Questionado sobre as possíveis motivações eleitorais para a mudança de policiamento nos municípios de opositores à reeleição de Paulo Dantas, o Governo de Alagoas encaminhou a seguinte nota sobre o caso:
A troca de comandos na PM é algo comum, inclusive em períodos que antecedem pleitos eleitorais. São decisões baseadas em critérios técnico-policiais e de segurança pública, no âmbito do comando da Corporação, razão pela qual não cabe interferência do governador do Estado.