Luiz Felipe Scolari é tratado como um dos melhores técnicos da história do futebol brasileiro. Comandante do Brasil no pentacampeonato mundial em 2002, Felipão também possui o status de ídolo no Palmeiras e Grêmio, onde conseguiu ganhar Libertadores, Brasileirão, Copa do Brasil, entre outros campeonatos. Além disso, o professor obteve um feito raro para um treinador do Brasil: dirigir potências da Europa, no caso o Chelsea e a seleção portuguesa. Apesar de toda essa bagagem, as glórias foram menosprezadas por grande parte da opinião pública após a dolorosa derrota para a Alemanha por 7 a 1, na semifinal da Copa do Mundo de 2014, em pleno Mineirão. A partir daí, o experiente técnico passou a conviver com as críticas, carregando o peso de um dos maiores vexames da história do esporte. Felipão, é verdade, até conseguiu bons resultados no Guanghzou Evergrande (China) e em um breve retorno ao Palmeiras, mas ainda seguiu sendo tachado de “ultrapassado”. Agora no Athletico-PR, ele sonha em encerrar sua carreira como treinador com “chave de ouro”, renascendo das cinzas de vez e mudando o clube paranaense de patamar.
Os atleticanos passam por um processo de reconstrução há anos que já resultou em títulos importantes, como o bi da Sul-Americana (2019 e 2021) e taça da Copa do Brasil (2019). O clube, no entanto, ainda não possui o troféu da principal competição da Conmebol e só tem uma final disputada no currículo: a de 2005, quando foi derrotado pelo São Paulo. Assim, para continuar sonhado com o título inédito e ser incluído definitivamente na lista de grandes clubes do Brasil, o Athletico conta com a experiência de Luiz Felipe Scolari. Na primeira partida, a estratégia deu certo. Os curitibanos abriram o placar cedo, seguraram a pressão do atual bicampeão e conseguiram a vantagem mínima de 1 a 0 na Arena da Baixada. O confronto de volta entre Palmeiras e Furacão está marcado para esta terça-feira, 6, no Allianz Parque. No duelo derradeiro, entretanto, Luiz Felipe Scolari não estará à beira do gramado, já que foi expulso por reclamar na arbitragem no jogo de ida. Ainda assim, Felipão ficará nas tribunas do estádio e terá o seu provável último reencontro com os torcedores palmeirenses. Vencedor de seis títulos (veja todos ao final da matéria) no Alviverde paulista, o técnico está adotando um tom de despedida em suas últimas entrevistas. Apesar de ainda não cravar que irá se aposentar ao final da temporada 2022, o profissional de 73 anos avalia ter uma vida mais tranquila, podendo assumir um cargo de diretor na equipe paranaense.
“Eu sinto nesse momento que eles estão dizendo: ah, pai, tanto tempo não ficaste em casa, que trabalhaste, dedicaste ao futebol. Não que não me dedicasse aos filhos, mas deixei um pouco de lado para que a esposa cuidasse da educação destes meninos. Não está na hora de a gente viver um pouco mais, de viajar, de sair um pouco do trabalho e coisa e tal? Eles já vinham falando isso”, disse Felipão sobre a conversa com a família, na semana passada.
“Por muitas coisas que vem acontecendo na minha vida, na vida de pessoas ao meu redor, algumas estou perdendo por alguma razão, morte ou qualquer coisa, eu fico pensando: será que não vale a pena mesmo encerrar o futebol, terminar? Será que vale a pena eu me dedicar a uma nova carreira como diretor técnico? Será que devo continuar? Não sei. Eu vou esperar essa situação do Athletico, porque quero e vou prometer aos atleticanos o melhor do meu trabalho para que a gente consiga chegar no final do ano com as metas atingidas. Depois eu posso pensar. Hoje eu não conheço o cargo de diretor técnico. Eu não quero ser um ‘atrapalho’ na vida do Athletico. Eu tenho que me inteirar de assuntos que ainda não conheço. Se eu me inteirar e achar que tenho condições, vou dialogar com minha família naturalmente. Se eu achar que não tenho condições, está bom”, completou.
Confira os títulos de Felipão como treinador:
- Grêmio – 3 Estaduais (1987, 1995 e 1996), Copa do Brasil (1994), Libertadores (1995), Recopa Sul-Americana (1996) e Brasileirão (1996)
- Palmeiras – 2 Copas do Brasil (1998 e 2012), Copa Mercosul (1998), Libertadores (1999), Torneio Rio-São Paulo (2000) e Brasileirão (2018)
- Seleção brasileira – Copa do Mundo (2002) e Copa das Confederações (2013)
- Criciúma – Copa do Brasil (1991)
- Qadsia SC – Copa do Kuwait (1988/1989)
- Cruzeiro – Copa Sul-Minas (2001)
- Bunyodkor – Campeonato Uzbeque (2009)
- Guanghzou Evergrande – Liga dos Campeões da Ásia (2015), 3 Superligas da China (2015, 2016 e 2017), 2 Supercopas da China (2016 e 2017) e Copa da China (2016)
- Seleção kuwaitiana – Copa do Golfo (1990)
Créditos: Jovem Pan.