Ex-presidente planeja ofensiva por votos de fiéis de igrejas evangélicas. Pastor Malafaia sugere que material seja ‘rasgado’
A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou a distribuir, nesta quinta-feira, um panfleto voltado para eleitores evangélicos, grupo em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem seu melhor desempenho em pesquisas eleitorais divulgadas até agora. O material, que faz parte da ofensiva de Lula pelo voto evangélico, é assinado pela página “Restitui Brasil”, assumida pela campanha do petista em ofício enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no último dia 20.
O panfleto, aberto com a frase “o que os evangélicos realmente querem para o Brasil”, traz propostas e o histórico de atuação de Lula em áreas como educação, saúde e emprego. Cada tópico é acompanhado por um versículo bíblico. Também há referências a “cuidar da criação de Deus”, ao citar a preservação do meio ambiente, e à “defesa da família”, além de críticas à expansão das armas de fogo, uma das bandeiras do governo Bolsonaro que mais teve resistências entre evangélicos.
“A preocupação com os valores da família é central para Lula e Alckmin”, diz um trecho do panfleto.
Panfleto distribuído por campanha de Lula para evangélicos — Foto: Reprodução
A divulgação do panfleto provocou reação de lideranças evangélicas aliadas de Bolsonaro. O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, gravou um vídeo afirmando que a campanha de Lula tenta “enganar o povo evangélico” e criticando posicionamentos anteriores do petista, como uma declaração, dada em abril, de que “todo mundo” deveria ter direito ao aborto. Malafaia também sugeriu a fiéis que “rasguem” o panfleto caso seja distribuído próximo a igrejas.
— Ou rasga a Bíblia e fica com panfleto mentiroso de época de eleição, ou rasga o panfleto e fica com a palavra de Deus – disse Malafaia.
Após hesitar em acenos religiosos, a campanha de Lula reviu a estratégia e passou a planejar conteúdos voltados especialmente para eleitores evangélicos. Além da página “Restitui Brasil”, que apresenta vinculação mais discreta com o ex-presidente, misturando pedidos de voto com mensagens bíblicos, outro grupo de perfis criados pela campanha, sob o mote “Evangélicos com Lula”, tem divulgado conteúdos refutando notícias falsas de que o PT “fecharia igrejas” e citando leis sancionadas em governos petistas que beneficiaram diferentes religiões.
O PT também prepara uma “carta de apoio” que será assinada por evangélicos e entregue a Lula em um evento com pastores no próximo dia 9, em São Gonçalo (RJ). Uma primeira versão da carta, que já vem sendo compartilhada em busca de assinaturas, afirma que “evangélicas e evangélicos de várias denominações” tiveram “total liberdade para pregar a palavra do Senhor” nos governos Lula, e argumenta que o ex-presidente “se preocupa de fato com o povo, com as famílias e com a vida”.