O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de realizar “terrorismo econômico” nesta segunda-feira, 29, após um aumento do custo da energia em toda a Europa devido a um novo corte do fornecimento do gás russo.
“A Rússia está usando o terror econômico e está exercendo pressão com a crise de preços, com a pobreza, para enfraquecer a Europa”, disse Zelensky em conferência do setor de energia na Noruega.
Os comentários do líder ucraniano ocorrem enquanto a Gazprom, principal empresa de energia russa, planeja uma nova manutenção que irá interromper os fluxos de gás do Nord Stream 1, que liga a Rússia à Alemanha. A nova interrupção causou novos temores de que o Kremlin esteja reduzindo a oferta para pressionar os países que se opõem à guerra, acusação veementemente negada por Moscou.
Um dos principais países atingidos pela medida é a própria Alemanha, levando a empresa de serviços públicos Uniper a buscar mais de quatro bilhões de euros em linhas de crédito de Berlim, além de um resgate de outros 15 bilhões de euros de um acordo feito no mês passado.
Encontrar uma solução para as constantes interrupções de gás e sua eventual escalada de preços tem sido um dos maiores desafios do continente europeu à medida que o inverno se aproxima. A República Tcheca, que detém a presidência rotativa da União Europeia, convocou uma reunião de emergência dos ministros da Energia para 9 de setembro, quando irá propor um teto para o preço do gás usado na produção de eletricidade.
“O que está acontecendo é realmente um problema para todos os países europeus, tendo impacto em todos eles, em alguns menos e em alguns mais”, disse o ministro da Indústria tcheco, Jozef Sikela, em entrevista coletiva.
Os preços de energia de referência alemã para 2023 ultrapassaram 1.000 euros por megawatt-hora pela primeira vez nesta segunda, uma vez que as preocupações com o fornecimento mantiveram os preços do gás e combustíveis relacionados, como eletricidade e carvão, em alta.
Como possível solução, países mais dependentes do gás russo como Alemanha e Itália vêm aumentando os níveis de armazenamento antes do inverno, quando a demanda atingirá o pico. O ministro de Energia alemão, Robert Habeck, disse que as reservas nacionais estão cerca de 80% cheias, enquanto a Itália afirma que atingiu níveis semelhantes para proteger o país contra novos choques de oferta.