A Venezuela emitiu um mandado de prisão contra a jornalista Carla Angola, uma crítica do governo do presidente Nicolás Maduro que vive me Miami, por “apologia ao magnicídio”, informou o procurador-geral, nesta quinta-feira (4).
“O Ministério Público solicitou o mandado de prisão contra esta senhora pelo suposto cometimento do crime de apologia ao crime de magnicídio”, afirmou o procurador Tarek William Saab. “Ela instigou a perpetração do assassinato do Presidente da República”.
A investigação contra Angola, de 46 anos, foi aberta após a transmissão, na segunda-feira (1º), do programa de opinião que ela apresenta na emissora EVTV, com programação voltada aos migrantes venezuelanos nos Estados Unidos.
“Os Estados Unidos enviam um drone e desaparecem com este homem”, disse Angola, referindo-se à morte do egípcio Ayman al-Zawahiri, chefe da Al-Qaeda, no sábado, num ataque americano em Cabul, Afeganistão.
“E o que é que o venezuelano diz nas redes sociais? Por que não fazem o mesmo com Maduro? E aqui obviamente não estamos fazendo apologia ao seu assassinato, mas é uma pergunta válida”, comentou a jornalista com um entrevistado.
“Ela disse como se fosse uma piada”, criticou Saab. “Isso é puro e simplesmente uma apologia ao crime de magnicídio”.
Antes de migrar ao Estados Unidos, Angola apresentava outro programa de opinião no canal de notícias Globovisión, que foi uma trincheira para a oposição do governo até à sua venda, em 2013, a um empresário próximo do chavismo. Após a mudança de chefia, Angola e outros jornalistas renunciaram.
A Venezuela tem um dos piores índices internacionais de liberdade de imprensa, em um contexto de alta autocensura para evitar sanções administrativas que poderiam levar ao fechamento dos veículos privados que ainda restam.
Angola não se pronunciou sobre o mandado de prisão.
Saab anunciou também uma investigação contra seu marido por uma disputa pela titularidade de uma propriedade em Caracas.
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