Solicitação foi feita ao TSE, órgão eleitoral com poder de fazer a convocação; justificativa é, mais uma vez, o cenário de violência urbana, agravado pelos recentes episódios de violência política
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), o desembargador Elton Leme, pediu o apoio das Forças Armadas para a segurança das eleições de dois de outubro, em todo o estado. A informação foi confirmada pelo próprio desembargador à CNN.
“O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) demanda os tribunais perguntando se será necessária a utilização de força federal. Há uma série de requisitos e eu recebo essa solicitação e verifico a necessidade. Tivemos a concordância do governador e submetemos esse pedido”, explica.
Questionado sobre a resposta à solicitação ou à existência de um prazo para que ela aconteça, o TSE ainda não se manifestou.
Essa é a quinta eleição na qual o Rio de Janeiro pede o apoio das forças federais. A justificativa para o pedido é, mais uma vez, o cenário de violência urbana, agravado pelos recentes episódios de violência política.
“É necessário porque nós temos uma situação complexa, com instabilidade gerada pela criminalidade, pela milícia, pelo tráfico de drogas e pelo crime organizado. E há um clima mais intenso dos debates políticos no país. Então, é bom nos precavermos, atuar com cautela”, afirma Leme.
Para o enfrentamento desses problemas, o TRE-RJ instituiu o Gabinete Extraordinário de Segurança Institucional (Gaesi). O órgão reunirá todas as forças de segurança para atuar de modo preventivo e garantir que as eleições transcorram em clima de normalidade.
O Gaesi foi criado como órgão institucional do TRE-RJ, para se organizar sempre dois meses antes de cada eleição. A corte já fez um mapeamento de risco, que será cruzado e integrado com o de cada uma das forças de segurança, para ajudar a traçar estratégias com informações complementares, consolidadas em documento único.
“As áreas de risco são conhecidas. Temos a região da Maré, o Complexo do Alemão, são áreas que todos sabemos que são mais complexas do ponto de vista de segurança. Trabalharemos com essa realidade. Essas comunidades com risco maior, trabalharemos com contingente mais reforçado de policiamento”, anuncia.
O desembargador afirmou que o TRE-RJ não faz distinções entre tráfico e milícia, que procura encarar o crime como um todo. Além de evitar intimidação de eleitores em redutos com influência dos criminosos, o tribunal está atento aos movimentos dos criminosos e representantes da criminalidade que pretendem disputar cargos nessas eleições.
“Precisamos ter um cuidado ainda maior, porque sabemos do interesse do crime organizado em infiltrar candidatos nos parlamentos. É algo que as inteligências (dos órgãos de segurança) vem trabalhando e que nós temos que estar muito atentos no âmbito da Justiça Eleitoral”, destaca.
O presidente do TRE entende que o reforço com todos os agentes das forças federais lotados no Rio de Janeiro, mais as forças estaduais, é suficiente para atender à demanda de trabalho da segurança do estado no processo eleitoral.
A ideia é contar com o Exército, a partir do Comando Militar do Leste, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, além da Polícia Militar, com o policiamento ostensivo e repressivo, Polícia Civil e Polícia Penitenciária, cada órgão dentro de sua competência legal, coordenada pelo Gaesi.
“Temos conversado com as forças de segurança, quando acaba uma eleição, nós já começamos a planejar a outra, com cronogramas de logística. Não é algo que comece há dois meses da eleição. Eu tenho certeza de que (a eleição) transcorrerá na mais absoluta tranquilidade”, conclui o desembargador.