No Brasil, ela será um depósito tokenizado, conforme explicou Campos Neto durante a Febraban Tech 2022
Na quinta-feira (11), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que espera que o Real Digital seja viabilizado em 2024, após testes de aplicação da moeda virtual brasileira no próximo ano.
O Real Digital trata-se de uma versão digital da moeda física para facilitar pagamentos, tecnicamente chamada de CBDC (Central Bank Digital Currency).
No Brasil, ela será um depósito tokenizado, conforme explicou Campos Neto durante a Febraban Tech 2022.
“A grande vantagem do CBDC é que podemos fazer pagamentos internacionais, para atacado, mas eu acho que é uma forma pequena de pensar. A nossa moeda digital é diferente das outras, vai proporcionar às pessoas tokenizar seus ativos”, disse Campos Neto.
“Só vejo hoje em dia um ou outro artigo sobre depósito tokenizado em uma CBDC”, acrescentou o presidente do BC.
Diferente de outras moedas, disse Campos Neto, a ideia é não somente ser um meio de pagamento instantâneo, mas também criar uma espécie de “carteiras inteligentes” que contenham o dinheiro para efetuar pagamentos programados, por exemplo, que funciona para pagamentos recorrentes, como um pedágio ou assinatura de serviços.
O presidente do BC declarou que atualmente as moedas digitais estudadas por outros países são diferentes e, por isso, ainda são mais fracas em relação à usabilidade de pagamentos internacionais que as criptomoedas.
“Pensamos que o sistema tem que ser programado, parecido com o Pix. O Asdhaar, por exemplo, é um bom sistema para os indianos, mas ele não é programado”, disse Campos Neto.
Atualmente o Real Digital está sendo desenvolvido dentro de um programa que funciona como um laboratório de ideias, o Lift Challenge. As possibilidades da moeda digital brasileira ainda estão sendo estudadas, e devem começar a ser efetivamente testadas até o fim deste ano.
Campos Neto ressaltou que pretende repetir o sucesso do Pix com a moeda brasileira digital, assim como no Open Finance, que, de acordo com ele, o Brasil terá “o maior do mundo”.
“Não adianta fazer um sistema que a gente ache bom se as pessoas não souberem usar. Hoje às pessoas usam o Pix porque é fácil, seguro e simples”, pontuou o presidente do BC.
Campos Neto destacou que foi procurado pelo banco central colombiano para discorrer sobre a funcionalidade do Pix e como implementar com adesão positiva da população.
Apesar de evidenciar o sucesso da ferramenta de pagamento instantâneo do BC, ele disse que a modalidade “Pix saque e troco” não está crescendo da forma desejada.
“Pix saque e troco está crescendo de forma lenta, queremos estimular mais porque ele é muito importante para o pessoal do interior”, afirmou Neto.
Ainda sobre o Pix, Campos Neto disse que “não é verdade que os bancos perdem dinheiro com o Pix”. “O objetivo não é tirar dinheiro de ninguém. Apesar da perda de receitas com transações, outros negócios são gerados”.
Por fim, Campos Neto fez questão de incluir os bancos no processo de integrar todos os sistemas, e disse que sem eles “não seria possível o sucesso do Pix”.
“Queremos bancarizar com o sistema financeiro, não é sobre quem está ganhando ou perdendo. Não queremos que ninguém perca dinheiro, queremos que os bancos sejam uma fatia menor de um bolo que será muito maior” declarou.