Presidente fez a declaração baseada em matéria do site Exame em uma live em outubro do ano passado. Relatório da PF afirma que Bolsonaro incitou espectadores a não cumprir normas sanitárias.
A Polícia Federal afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime ao associar a vacina contra a Covid-19 ao risco de contrair Aids.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e outras autoridades de saúde já esclareceram que as vacinas não trazem doenças. Pelo contrário, evitam contaminação. Mas na época o presidente se baseou num estudo publicado na revista Exame. Clique aqui para entender.
Bolsonaro fez a relação entre vacina da Covid e risco de pegar Aids em uma live nas redes sociais no dia 22 de outubro do ano passado.
A delegada Lorena Lima Nascimento, responsável pelo caso, pediu autorização do STF para indiciar Bolsonaro e o ajudante de ordens tenente Mauro Cid , que ajudou o presidente produzir o material divulgado pelo presidente na live.
A PF concluiu que os dois praticaram incitação ao crime, conduta que, no Código Penal, pode dar prisão de três a seis meses.
Bolsonaro citou na live supostos relatórios oficiais do Reino Unido.
Para a PF, o presidente “disseminou, de forma livre, voluntária e consciente, informações que não correspondiam ao texto original de sua fonte, provocando potencialmente alarma de perigo inexistente aos espectadores”.
O relatório afirma ainda que a conduta de Bolsonaro incentivou nos espectadores das lives o descumprimento de normas sanitárias estabelecidas pelo próprio governo.
A PF pede ainda que seja autorizada a tomada de depoimento de Bolsonaro.
Declaração do presidente
Na transmissão de outubro de 2022, Bolsonaro disse que relatórios oficiais do Reino Unido teriam sugerido que pessoas totalmente vacinadas contra a Covid estariam desenvolvendo Aids (doença causada pelo HIV) “muito mais rápido que o previsto”.
Na semana seguinte, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, reafirmou que as vacinas usadas no Brasil são seguras, e que nenhuma delas aumenta a “propensão de ter outras doenças”.
“Nenhuma das vacinas está relacionada à geração de outras doenças. Nenhuma delas está relacionada ao aumento da propensão de ter outras doenças, doenças infectocontagiosas por exemplo. Vamos manter a tradição do nosso povo brasileiro de buscar e aderir ao PNI [Prrograma Nacional de Imunizações]”, afirmou Barra Torres.