PF diz ao Supremo Tribunal Federal que Bolsonaro cometeu crime ao associar vacina da Covid ao risco de pegar Aids

17/08/2022 - 19:21

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Presidente fez a declaração baseada em matéria do site Exame em uma live em outubro do ano passado. Relatório da PF afirma que Bolsonaro incitou espectadores a não cumprir normas sanitárias.

A Polícia Federal afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime ao associar a vacina contra a Covid-19 ao risco de contrair Aids.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e outras autoridades de saúde já esclareceram que as vacinas não trazem doenças. Pelo contrário, evitam contaminação. Mas na época o presidente se baseou num estudo publicado na revista Exame. Clique aqui para entender.

Bolsonaro fez a relação entre vacina da Covid e risco de pegar Aids em uma live nas redes sociais no dia 22 de outubro do ano passado. 

A delegada Lorena Lima Nascimento, responsável pelo caso, pediu autorização do STF para indiciar Bolsonaro e o ajudante de ordens tenente Mauro Cid , que ajudou o presidente produzir o material divulgado pelo presidente na live. 

A PF concluiu que os dois praticaram incitação ao crime, conduta que, no Código Penal, pode dar prisão de três a seis meses.

Bolsonaro citou na live supostos relatórios oficiais do Reino Unido. 

Para a PF, o presidente “disseminou, de forma livre, voluntária e consciente, informações que não correspondiam ao texto original de sua fonte, provocando potencialmente alarma de perigo inexistente aos espectadores”. 

O relatório afirma ainda que a conduta de Bolsonaro incentivou nos espectadores das lives o descumprimento de normas sanitárias estabelecidas pelo próprio governo. 

A PF pede ainda que seja autorizada a tomada de depoimento de Bolsonaro. 

Declaração do presidente

Na transmissão de outubro de 2022, Bolsonaro disse que relatórios oficiais do Reino Unido teriam sugerido que pessoas totalmente vacinadas contra a Covid estariam desenvolvendo Aids (doença causada pelo HIV) "muito mais rápido que o previsto".

Na semana seguinte, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, reafirmou que as vacinas usadas no Brasil são seguras, e que nenhuma delas aumenta a "propensão de ter outras doenças". 

"Nenhuma das vacinas está relacionada à geração de outras doenças. Nenhuma delas está relacionada ao aumento da propensão de ter outras doenças, doenças infectocontagiosas por exemplo. Vamos manter a tradição do nosso povo brasileiro de buscar e aderir ao PNI [Prrograma Nacional de Imunizações]", afirmou Barra Torres.


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