O caso de uma gata que foi resgatada pela ONG Cadeia Para Maus-Tratos em Piracicaba, interior de São Paulo, depois de uma denúncia chamou a atenção para os cuidados que precisamos ter com os pets. O animal estava com os pelos tingidos de rosa e, segundo os ativistas, estaria perto de uma intoxicação.
O/a tutor/a alegou que que “deixá-la mais bonita e combinar com a cor do seu cabelo”, segundo os ativistas.
Estética humana pode levar animais à morte
Tingir o pelo de cães, gatos, coelhos e outros pets com tinta de cabelo humana não é recomendado e pode ser extremamente prejudicial para o animal. Essa intervenção tem potencial alérgico e tóxico, levando a doenças e até a morte.
Segundo a ONG, os animais ficam muito tempo com a tinta no corpo e podem lamber o produto em excesso.
“O produto pode ser usado se for específico para pets e se o seu animalzinho não apresentar nenhuma lesão na pele, como feridas ou algum sinal clínico de problemas dermatológicos, como coceira e lambedura excessiva, odor forte e vermelhidão”, explica Ana Caroline Augusta do Nascimento, médica veterinária clínica de pequenos animais.
É preciso ter certeza de que o produto é adequado, já que também existe diferença entre as espécies.
Tatuagens e piercings
A proibição de piercings e tatuagens em cães e gatos, com fins unicamente estéticos, foi parar na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado. O texto que altera a Lei de Crimes Ambientais e estabelece penas para esta prática, aguarda para votação em plenário.
Em humanos, sabemos que o procedimento para realizar uma tatuagem pode ser extremamente doloroso. Em animais, essa dor pode ser ainda maior, pois cães e gatos apresentam menor espessura da pele.
Além disso, de acordo com a veterinária, pode haver complicações no processo de cicatrização, como inflamação exacerbada, alergia à tinta, infecções, má cicatrização e até mesmo necrose da região.
“Sem dúvidas, tatuar ou tingir o pelo de um animal são procedimentos desnecessários, que só causam dor e sofrimento”, afirma a veterinária.
Perfumes de uso humano também são prejudiciais, já que o pH e a microbiota do pelo e da pele são diferentes das nossas, podendo causar alergia.
“Sabemos que os bichos possuem o olfato muito mais potente, e, por isso, mais sensível do que o nosso. O cheiro pode ser irritante para a mucosa nasal”, ressalta a especialista.
Também neste caso há risco de os pets se lamberem constantemente e haver reação tópica, ingestão e intoxicação.
Banho todo dia?
Não é indicado dar banho em gatos, pois é extremamente estressante e não é necessário nessa espécie, salvo em casos específicos com recomendação de um profissional.
Já em cães, a frequência de banhos deve ser semanal ou quinzenal e, em algumas raças com dupla pelagem, o intervalo entre banhos pode ser ainda maior.
O tipo de produto usado para lavar o animal também pode variar bastante, mas, no geral, é recomendado um produto próprio para pets, de preferência neutro.
Alguns animais demandam escovação da pelagem diariamente ou que seja realizada tosa com maior ou menor frequência.
É indicado fazer uso regular de produtos para combater pulgas e carrapatos, sempre secar bem os pelos e, em qualquer sinal de alteração na pele e nos pelos, como feridas, crostas e até mesmo coloração, levar ao médico veterinário.
“A alimentação também influencia diretamente na pele e nos pelos, por isso é fundamental fornecer ração de boa qualidade”, diz Nascimento.
Na dúvida, é melhor buscar orientação de um médico veterinário que irá avaliar de forma individual cada pet. Também é importante seguir a recomendação da bula do produto utilizado para não prejudicar o pet.
Denuncie maus tratos a animais
Em geral, os casos de negligência animal passam por:
- Privar os animais e água e comida ou não fornecer alimentação adequada
- Causar ou não evitar medo, estresse, sofrimento físico ou mental ao bichinho
- Não ter ambiente adequado para as necessidades daquele bicho — como espaço pequeno, umidade, sujeira, falta de conforto
- Não cuidar, não tratar de forma correta ou não garantir a prevenção de doenças
E lembre-se: privar o animal de se expressar e de se manifestar com comportamentos naturais da espécie também é uma forma de maltratá-lo.
Você pode denunciar maus tratos na delegacia de polícia mais próxima ou na Polícia Ambiental.
Caso seja um flagrante, a Polícia Militar (190) pode ajudar. Também é possível acionar o Disque-Denúncia (181), ou, em caso de animais silvestres, o IBAMA (0800 61 8080).