Medicamento foi aprovado por órgão regulador dos Estados Unidos contra eventual ameaça biológica de varíola humana
Após a primeira morte por varíola do macaco (monkeypox) no Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que o país vai comprar um medicamento que pode ser usado em pacientes com risco de evoluir para quadros graves.
O princípio ativo tecovirimat (o nome comercial é Tpoxx) foi aprovado pela FDA (Administração de Medicamentos e Alimentos) dos Estados Unidos em 2018 para tratamento de varíola humana, doença que, embora erradicada em todo o mundo, permanece como ameaça de ser usada como arma biológica.
Trata-se de um antiviral desenvolvido estrategicamente, mas que nunca teve a eficácia testada em humanos, já que o vírus da varíola não circula mais há décadas.
“A eficácia do Tpoxx contra a varíola foi estabelecida por estudos realizados em animais infectados com vírus que estão intimamente relacionados com o vírus que causa a varíola e baseou-se na medição da sobrevivência no fim dos estudos. Mais animais tratados com Tpoxx sobreviveram em comparação com os animais tratados com placebo”, diz a FDA em nota.
Os testes que envolveram humanos foram apenas para atestar a segurança. Ao todo, 359 voluntários saudáveis, sem infecção por varíola, participaram do estudo.
“Os efeitos colaterais mais frequentemente relatados foram dor de cabeça, náusea e dor abdominal”, acrescenta a FDA.
Uso para varíola do macaco
Os CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) ressaltam que, naquele país, o tecovirimat pode ser usado em pacientes infectados por ortopoxvírus (mesma família), mas com um “protocolo de Novo Medicamento Investigacional de Acesso Expandido”.
A modalidade permite, em determinados casos, “tratamento empírico primário ou precoce de infecções por ortopoxvírus não varíola, incluindo varíola do macaco, em adultos e crianças de todas as idades”.
Com base nisso, os CDC entendem que os seguintes pacientes infectados pelo vírus monkeypox são elegíveis para o tratamento com tecovirimat:
• indivíduos com doença grave (por exemplo, doença hemorrágica, lesões confluentes, sepse, encefalite ou outras condições que requerem hospitalização);
• indivíduos com alto risco de doença grave (transplantados, com doença autoimune ou imunodeficiência);
• populações pediátricas, particularmente pacientes com menos de 8 anos de idade;
• mulheres grávidas ou que estejam amamentando;
• pessoas com história ou presença de dermatite atópica, pessoas com outras condições esfoliativas ativas da pele (por exemplo, doença de Darier — ceratose folicular);
• pessoas com uma ou mais complicações (por exemplo, infecção bacteriana secundária da pele; gastroenterite com náusea/vômito grave, diarreia ou desidratação; broncopneumonia; doença concomitante ou outras comorbidades);
• pacientes com infecções aberrantes que envolvem a inoculação acidental do vírus nos olhos, boca ou outras áreas anatômicas onde a infecção pelo vírus monkeypox pode constituir um risco especial (por exemplo, genitais ou ânus).
A agência de saúde estadunidense acrescenta que o uso do tecovirimat pode encurtar a duração da doença e a disseminação viral.
Assim como as vacinas contra o vírus monkeypox, o antiviral será adquirido pelo Brasil por meio da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde).
No entanto, ainda não foi informada a data em que os medicamentos chegarão ao país.
As primeiras vacinas devem estar disponíveis a partir de setembro, mas em quantidade limitada. O governo não planeja imunização em massa contra a varíola do macaco.