Em 7 de setembro de 2021, feriado simbólico no Brasil, uma multidão, nunca antes vista, foi às ruas do Brasil em apoio ao presidente Bolsonaro, durante uma crise institucional instalada entre o executivo e o STF. Em discurso acalorado, o presidente chegou a criticar diretamente o ministro Alexandre de Moraes e deu sinais que haveria uma quebra institucional. O Brasil ficou apreensivo e os políticos se calaram, nos bastidores era tido como certa uma reação dos dois lados.
Dia seguinte ao 7 de setembro, Temer apareceu no cenário nacional. O próprio avião presidencial foi a São Paulo buscar o ex-presidente, que parecia ter a fórmula mágica para o fim do conflito. Após horas de apreensão e conversas no Palácio do Planalto, surge uma carta conciliadora escrita por Bolsonaro, mas longe de seu estilo de escrever, um tom de humilhação perante o ministro Alexandre de Moraes, naquele dia os seguidores mais ávidos do presidente ficaram desolados, a avaliação é que o povo que fora as ruas tinham sido enganados, porém, a avaliação política é que foi o melhor caminho a ser tomado e mostrou a boa vontade de Bolsonaro em voltar a mesa de negociação em um suposto acordo que arrefeceria os ânimos das autoridades brasileiras.
Em um primeiro momento parecia que o país caminhava a normalidade institucional, nos bastidores se falava que Temer teria conseguido reconciliar os poderes e os poderosos, o Comandante da Marinha chegou a postar um submarino submergindo em alusão que o estado de alerta teria acabado. O que teria se prometido, segundo fontes nos bastidores é que o Ministro Alexandre de Moraes encerraria o inquérito das chamadas “fake news” e que não tomaria mais decisões contra a base de Bolsonaro por conta própria (de ofício), mas isso não aconteceu e as tensões voltaram a subir, Bolsonaro voltou a criticar o Ministro Alexandre, Barroso e Fachin, a quem o presidente aponta como responsáveis por uma tentativa de lhe tirar do cargo por meio de decisões judiciais.
Passados praticamente 12 meses do tumultuado 7 de setembro de 2021, a escalada de ataques mútuos entre autoridades dos dois poderes parece estar ainda mais acirrada, em convenção partidária o presidente volta a convocar os cidadãos para irem às ruas no 7 de setembro de 2022, Bolsonaro conclamou a sua base e soltou um estridente “pela última vez”, ninguém sabe ao certo o que significou essa frase, mas de uma coisa temos certeza, uma nova carta de Temer não funcionará desta vez, quem viver verá o fim dessa novela que deverá ter um capítulo decisivo no próximo dia 02 de outubro.
Junior Melo (advogado e jornalista)