O órgão internacional de vigilância nuclear pediu o fim imediato das hostilidades perto da usina nuclear de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, depois que ela foi atingida por um bombardeio, provocando o desligamento de um dos reatores e sinalizando o “risco real de um desastre nuclear”.
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, disse estar alarmado com os relatos de danos e exigiu que uma equipe de especialistas da AIEA seja autorizada a visitar a usina com urgência, para avaliar e salvaguardar o local. A informação é da CNN Brasil.
“Estou extremamente preocupado com o bombardeio de ontem na maior usina nuclear da Europa, que destaca o risco muito real de um desastre nuclear que pode ameaçar a saúde pública e o meio ambiente na Ucrânia e além”, disse Grossi em comunicado no sábado (6).
“A ação militar que ponha em risco a segurança da usina nuclear de Zaporizhzya é completamente inaceitável e deve ser evitada a todo custo”, acrescentou.
Kiev acusou as forças russas de armazenar armamento pesado e lançar ataques a partir da usina, que eles assumiram no início de março e ainda ocupam. Moscou, enquanto isso, alegou que tropas ucranianas estão atacando o complexo.
O bombardeio na sexta-feira (5) danificou uma linha de energia e forçou um dos reatores da usina a parar de operar, de acordo com a operadora de energia nuclear estatal da Ucrânia, a Energoatom, que mais tarde disse que não houve danos aos próprios reatores e que a situação de radiação era normal.
Os ataques à usina continuaram durante a noite de sábado, segundo a Energoatom, atingindo várias partes do complexo e ferindo um funcionário ucraniano. A estatal alegou que as forças russas e funcionários da empresa estatal russa de energia nuclear Rosatom, que estão no local desde que apreenderam a usina, se abrigaram em bunkers antes do início das explosões.
Os foguetes atingiram o local da instalação de armazenamento a seco da usina, onde são mantidos 174 contêineres com combustível nuclear usado, e danificaram três detectores de monitoramento de radiação, tornando a detecção oportuna e a resposta ao vazamento de substâncias radioativas “atualmente impossíveis”, alertou a Energoatom.
“Desta vez, uma catástrofe nuclear foi milagrosamente evitada, mas os milagres podem não durar para sempre”, acrescentou.
Embora a situação de segurança seja estável e não haja ameaça imediata à segurança nuclear, de acordo com a AIEA, Grossi alertou para o terrível risco que novos combates no local podem representar.
“Qualquer poder de fogo militar direcionado para ou a partir da instalação equivaleria a brincar com fogo, com consequências potencialmente catastróficas”, disse Grossi.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em um discurso noturno no sábado, novamente acusou a Rússia de bombardear a usina e usá-la para causar terror na Europa.
“Infelizmente, temos um agravamento significativo da situação em torno da usina nuclear de Zaporizhzhia”, disse Zelensky. “Terroristas russos se tornaram os primeiros no mundo a usar uma usina nuclear para o terror. A maior da Europa!”.
A CNN não conseguiu verificar as alegações de danos na planta, que ocupa um local extenso. Os promotores ucranianos abriram uma investigação sobre o bombardeio.