Pouco tempo após deixar a prisão em Curitiba, no fim de 2019, o ex-presidente Lula entrou na folha de pagamentos do PT e passou a receber um salário líquido mensal de R$ 20,3 mil como presidente de honra do partido que ajudou a fundar há 42 anos.
Do ano passado pra cá, porém, depois que Lula já havia conquistado o direito de concorrer novamente à Presidência da República, com a anulação de suas condenações na Lava Jato, o PT encontrou mais uma forma de engordar a conta bancária de seu líder, fazendo pagamentos extras todo mês.
Em resposta a questionamentos feitos pela coluna, o partido afirmou que esses repasses se referem ao pagamento do aluguel da casa onde Lula mora, em um bairro nobre de São Paulo.
O sobrado onde Lula mora com sua mulher, Rosângela da Silva, a Janja, tem cerca de 600 metros quadrados, quatro suítes, piscina e churrasqueira. O casal se mudou para o local no fim do ano passado. Antes, o imóvel passou por alguns reparos, a pedido de Lula.
Ao contrário do pagamento de salário, cujos recibos e comprovantes de depósitos são apresentados ao TSE no ano seguinte, não há no processo de prestação de contas petista nenhum documento que demonstre a finalidade dos pagamentos extras a Lula.
Isso sugere que o valor adicional transferido para a conta do ex-presidente tenha como origem as doações que o PT recebe de pessoas físicas, como empresários ou os próprios parlamentares petistas, obrigados a pagar um dízimo mensal à sigla.
Toda despesa bancada com recursos do fundo partidário, que é dinheiro público, precisa ser devidamente justificada e comprovada à Justiça Eleitoral.
Na resposta enviada à coluna, o PT afirma o seguinte: “Para proporcionar ao presidente de honra do partido as condições adequadas para exercer suas atividades com segurança e privacidade, receber interlocutores e realizar reuniões, com instalações para as equipes de assessoria, comunicação e apoio, a direção do PT decidiu arcar com parte das despesas de aluguel de um imóvel residencial em São Paulo, capaz de atender a estas necessidades”.
“Tais desembolsos, de interesse direto do partido, vêm sendo feitos mensalmente, desde maio de 2021, com recursos próprios do PT, e informados à Justiça Eleitoral, conforme a legislação”, prossegue a nota.