O MPT já intimou cerca de oito pessoas, entre diretores e outros integrantes da produção da trama, para colher depoimento
O Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ) abriu uma investigação para apurar a suposta prática de racismo contra atrizes da novela “Nos Tempos do Imperador”, da TV Globo.
Segundo a coluna de Monica Bergamo, do jornal “Folha de S. Paulo”, a atriz Roberta Rodrigues, uma das autoras da denúncia, foi ouvida nesta terça-feira (12).
A investigação deve abranger o comando do núcleo de dramaturgia da Globo. O Ministério Público do Trabalho já intimou cerca de oito pessoas, entre diretores e outros integrantes da produção da novela, para colher os depoimentos.
Além disso, o MPT também vai investigar queixas de que atores brancos receberiam mais pelos mesmos trabalhos desempenhados por seus pares negros. Uma atriz com décadas de carreira afirma ter sido remunerada com valores inferiores aos recebidos por atrizes brancas que eram iniciantes e tiveram poucas participações na novela.
Procurada pela reportagem, a Globo diz, em nota, que desconhece a investigação e que não tolera preconceito racial. “A fim de manter seu ambiente corporativo livre de discriminação, a empresa conta com um sistema de compliance atuante, com treinamentos de conscientização frequentes de seus colaboradores e um código de ética que proíbe a discriminação e pune severamente as violações apuradas”, afirma.
Ainda segundo o jornal, além de Roberta Rodrigues, a atriz Dani Ornellas também encabeçou as denúncias, reveladas pela coluna em fevereiro deste ano. Segundo seus advogados, o ex-diretor artístico da novela Vinicius Coimbra teria dito que dirigentes acima dele tinham ciência das práticas que ocorriam no set.
Acusado de racismo pelas atrizes, Coimbra foi demitido da emissora em março deste ano. Na ocasião, segundo sua defesa, a emissora justificou a demissão por prática de assédio moral, não de racismo.
De acordo com as denunciantes, todo o elenco negro da trama teria sido submetido a atos de racismo durante a produção.
A defesa das atrizes é feita pelos advogados Djeff Amadeus, Gustavo Proença, Carolina Bassin e Lorena Martins.
“Quando as aranhas de se juntam, elas são capazes de criar teias para parar até um leão. E é justamente isso o que a gente pretende com toda essa movimentação”, afirma Amadeus.
Jornal de Brasília