Uma comerciante decidiu fechar a loja de moda feminina que possuía há 37 anos após ser vítima de mais de 30 arrombamentos em Natal. O último arrastão aconteceu no fim de semana passado.
O ponto fica na avenida Afonso Pena, no bairro Tirol, um dos trechos comerciais mais valorizados da capital potiguar.
A dona do espaço, Maria Rita Albuquerque, conta que se viu “obrigada” a tomar a decisão de fechar as portas diante da sequência de crimes que sofreu e da impunidade.
“Eu estou sendo obrigada a tomar essa posição, a ir embora, fechar, porque eu não tenho mais condição, eu não suporto mais, não tenho mais condições. Eu não desisti. Eu suportei mais de 30 arrombamentos, suportei tudo, me segurando, porque eu acredito no comércio, nas pessoas”, disse a empresária.
Segundo ela, o arrastão sofrido no fim de semana passado foi o que mais lhe revoltou, já que ela disse que policiais militares chegaram a encontrar um homem dentro da loja após o crime, mas não houve prisão.
“Quando eu passei por uma situação de chegar a polícia e encontrar ladrão dentro do meu estabelecimento, da minha loja, e me dizerem que eles não tinham autoridade para prender… Aí quebrou tudo. Eu vou fazer o quê? Eu estava lutando. Eu não tenho como segurar isso”, lamentou.
“É injustiça, impunidade, falta de segurança. Hoje eu sei que eu só tenho Deus, então eu tenho que me recolher daqui, porque aqui não tenho mais espaço”.
No Termo Circustanciado de Ocorrência, a PM informou que o “acusado estava no interior do estabelecimento comercial, dormindo” e que a loja se encontava “revirada”. O termo diz ainda que “perguntado se o acusado estava só, ele informou que chegou aqui [na loja] à noite e que havia outros com ele, que levaram algumas mercadorias”.
Em nota, a PM informou que “tem atuado de maneira contínua nessa região”, onde promove “o policiamento ostensivo através das companhias de Rádio Patrulha, e reforça o emprego de efetivo com diárias operacionais nos expedientes comerciais diuturnamente”.
“As ações também acontecem na modalidade de policiamento a pé, com duplas, bem como, na modalidade motorizado”, informou o órgão, que citou ainda operações que resultaram em apreensões de arma de fogo e drogas.
Nove arrombamentos em um mês
A dona da loja disse que já chegou a sofrer nove arrombamento em um único mês.
“Teve um mês que foram mais de nove arrombamentos e eu realmente estou de coração partido, poque a loja tem uma história de 37 anos. Então é uma vida, minha vida. E tudo que eu fazia era com amor, trazia de bom gosto pra atender melhor as pessoas. Tudo que eu fiz foi com amor, dando o meu melhor, o que eu construí. Então essa é minha história”, disse Maria Rita Albuquerque.
A empresária conta que uma cliente chegou a chorar com ela quando soube do fechamento.
“Construí uma clientela muito boa, muitas amigas. Hoje [sexta] chegou uma aqui e veio chorar comigo, porque não é só você ter um negócio, é uma história. Você construiu desde o início”.
Maria Rita lamenta ainda que a região tenha se tornado alvo fácil dos assaltantes. “É uma pena, eu fico assim arrasada. A Afonso Pena é um lugar bacana, todo mundo conhece, era para ser o lugar mais privilegiado, o melhor lugar de Natal com loja, com tudo, com segurança. E é um abandono. Todo dia se fecha loja na Afonso Pena e não se faz nada. Cadê as autoridades?”, se questionou.
A Polícia Civil informou que há investigações sobre furtos e arrombamentos nessa região, mas que não é possível fornecer mais detalhes por conta do sigilo.
Créditos: G1.