Federação diz que jornalista violou o código de ética; caso será encaminhado para Conselho de Ética
A Fenaj (Federação Nacional de Jornalistas) vai acionar o conselho de ética do SJPDF (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal) contra o jornalista Leo Dias, do portal de notícias Metrópoles, pela divulgação de informações sigilosas sobre o estupro e a gravidez da atriz Klara Castanho.
“São fortes as evidências de que o colunista feriu o Código de Ética do Jornalista Brasileiro. Pela gravidade do caso, a Diretoria Executiva e a Comissão de Mulheres da Fenaj vão encaminhar denúncia contra o jornalista à Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, que deverá apurar o caso, dando amplo direito de defesa ao profissional”, diz trecho da nota divulgada pelo órgão. Eis a íntegra (38KB).
Segundo a federação, o jornalista “feriu o código de ética” da profissão e, ao expor o caso, desencadeou “uma onda de ódio” e ataques contra a atriz.
A Comissão de Ética dos Meios de Comunicação da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) também se manifestou sobre o caso. Em nota, a associação disse que o jornalista “explorou” a violência sexual sofrida pela atriz.
“O jornalismo não pode compactuar nem com o crime, nem com sua exploração midiática. A ABI adverte em específico o jornalista Leo Dias: mesmo o tipo de jornalismo que ele faz deve respeitar certos limites éticos”, diz trecho da nota. Eis a íntegra (36KB).
A coluna com o título “Estupro, gravidez indesejada e adoção: a verdade sobre Klara Castanho” foi publicada no sábado (25.jun), às 20h56, e provocou forte reação nas redes sociais. Usuários pediram a saída do articulista e falavam em deixar de seguir os perfis do portal de notícias. Às 23h54, a diretora de Redação Lilian Tahan publicou em seu perfil no Twitter que o texto havia sido retirado do ar.
No texto com o título “O Metrópoles errou ao permitir publicação envolvendo Klara Castanho. A ela, nosso pedido de perdão”, o portal escreveu que não existe justificativa para expor detalhes de uma “história em que os únicos interessados são a vítima e parentes” e que “não deveria ter permitido” que Leo Dias publicasse tais detalhes. No domingo (26.jun), Leo Dias disse que errou e pediu perdão para a atriz.
ENTENDA O CASO
- Klara Castanho compartilhou na noite de sábado (25.jun), em seus perfis nas redes sociais, uma carta aberta;
- no documento, ela revela que foi estuprada, descobriu a gravidez já em estágio avançado e entregou o bebê diretamente para a adoção;
- antes do parto, uma enfermeira a teria ameaçado: “Imagina se tal colunista descobre essa história” –o Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) apura a conduta da equipe médica;
- logo depois do parto, um colunista entrou em contato com a atriz “com todas as informações”; ela pediu a ele que não publicasse nada;
- Klara teria direito a realizar um aborto, mas optou por ter a criança e entregá-la para doação –a lei garante sigilo para mãe e filho;
- a atriz não registrou boletim de ocorrência em relação ao estupro; disse se sentir “envergonhada e culpada” e que só sua família sabia.
A entrega voluntária para adoção está no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e permite que a mãe entregue o filho para adoção “sem constrangimento”, em um procedimento assistido pela Justiça.
Poder 360